quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Alma Vazia

Alma Vazia

Venha ver a minha alma,
Vem conhecê-la por dentro,
Penetra na minha mente,
Vem ler o meu pensamento.

Minha alma é muito triste,
Às vezes triste e vazia,
Tem a tristeza do triste,
Em noite de Nostalgia.

Meu coração, retrato fiel
Desta alma moribunda,
Pulsa em lúgubre compasso,
Tristonho sangue o inunda

Eu sou como alguém que morre
E no ermo mundo do além,
Escuta procura e busca;
Tenta ver, não vê ninguém.

Perdido em um mundo estranho,
Sozinho com o seu penar,
Senta-se em seu próprio túmulo,
E passa a noite a chorar.

É essa a alma que tenho
Absorta, tola, perdida;
Sempre a procura de algo
Muito longe dessa vida.

Busca a Deus a minha alma?
Busca a luz de um olhar?
Ou procura, simplesmente,
Um motivo para chorar?

Se alguma alegria tenho,,
Quando mais dela preciso,
É a que me vem de ti
E doas com teu sorriso

E de ver esse sorriso
Que eu julgava ser só teu,
Nas bocas angelicais
Dos filhos que Deus nos deu.

Rilmar (1970)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Prego e o Martelo

Um prego e um martelo jaziam lado a lado, a cerca de uns cem metros de uma hidrelétrica em construção.
Quase ao mesmo tempo, perceberam uma inscrição nítida e tosca numa parede e que dizia:
Quando Você for martelo, não se esqueça de que já foi prego!...

O Martelo leu, não disse nada e continuou em sua inércia. O prego, no entanto, deu a maior importância à mensagem e principiou a refletir na dura missão dele, prego, que implantado a duras marteladas bem aplicadas em sua cabeça penetraria, lenta e sofridamente, no madeiramento até desaparecer quase por completo, quando então ficaria sustentando toda uma armação pesadíssima de caibros e tábuas, no mais completo anonimato.
E, ai dele se apresentasse qualquer folga, por mínima que fosse, porque prontamente alguém perceberia e novas e contundentes marteladas o recolocariam no seu humilde e devido lugar.
Ah! Martelo, disse o Prego, depois de relatar seu pensamento; não queira nunca ser prego.
O Martelo refletiu por dois segundos e respondeu:
Meu amigo; não pense que eu já nasci martelo. Não meu caro, eu já fui minério como você foi, passei por uma fundição, fui um valoroso prego na construção da usina de Tucuruí; sustentei orgulhosamente as tábuas que escoraram trechos das barragens de cimento e aço; depois fui rejeito, quase lixo; fui colhido e levado para Brasília onde fixei tábuas de barracos de úteis candangos (pregos humanos); tempos depois, virei lixo mesmo e fui catado por catadores de lixo, selecionado e remetido a uma fundição de reciclagem, quando então, junto com outros pregos, virei uma massa amorfa e posteriormente tomei a forma atual de martelo.
Sou martelo mas sei que formamos um par na lida; par sumamente importante e indissolúvel pois todo trabalho é digno, toda função é importante e, nem um de nós atua ou é útil sem o outro.
De que vale o prego sem o martelo?... Qual é a utilidade do martelo sem o prego?
Assim também, nós, seres humanos, deveríamos sempre refletir na interdependência que existe entre nós e no quão importante é, que saibamos ver a importância de nosso próximo e a nossa própria sem exagerarmos ou desmerecermos uma ou outra sem razão.
A escada por onde se sobe é a mesma por onde se desce.
Rilmar J. Gomes